Europe in Black and White é o título da conferência que acontece - ontem, hoje e amanhã - na Faculdade de Letras de Lisboa, sendo que a organização da mesma esteve a cargo do Centro de Estudos Comparativos da Universidade de Lisboa. O evento conta com várias sessões de apresentação de papers, a que se seguem os respectivos debates, e integra gente de diversos pontos do globo, o que confere ao encontro um interesse especial. Afinal, não é todos os dias que temos pessoas de diferentes países a comentar temas tão fascinantes como os do multiculturalismo, do pós-colonialismo, das migrações, da exclusão e da integração das minorias étnicas na Europa, entre outros.
Não é nova esta ideia de que as sociedades actuais se revestem de enormes diferenças, resultantes do processo de globalização a que assistimos. Torna-se, deste modo, imperativo pensá-las nesta senda, discutindo os assuntos que lhes são caros, como os acima descritos.
Coloca-se agora a seguinte questão: "Faz sentido falar em identidades culturais num mundo em que as fronteiras se diluem dia após dia, se é que este termo teve alguma vez pertinência?" Para, logo a seguir, perguntarmos: "Qual é a validade daquilo a que chamamos multiculturalismo? Afinal, o que é isso de multiculturalismo?" E depois: "Que fenómeno é esse a que damos o nome de transculturalismo?"
Segundo Benedict Anderson, as identidades culturais ( cultura portuguesa, francesa, inglesa, africana, norte-americana, escocesa, chinesa, japonesa, etc.) não passam de uma ideia que construímos à volta de um determinado povo, sem constituir nenhuma experiência do real. Estas são, por isso, apelidadas pelo o autor de "comunidades imaginadas". Desta forma, defendemos o ponto de vista de que não existem hoje, nem existiram ontem, as ditas identidades culturais, na medida em que estas são fruto da nossa imaginação, pois sempre houve diferenças dentro das sociedades e continua a haver, agora mais do que nunca. É neste sentido que nos opomos à ideia de que as identidades culturais têm vindo a perecer com o avançar do processo de globalização. Na verdade, estas não passam de um mito que foi tomando proporções cada vez maiores à medida que o mundo se foi globalizando. O que está aqui em causa é um conceito falaz de cultura. É o pensar a cultura enquanto forma de diferenciação e especificação da populacão humana, ou seja, enquanto mapa-mundo. Não queremos com isto dizer que uma dada característica não possa estar muito presente no seio de uma determinada comunidade e que grande parte das pessoas pertencentes a essa mesma comunidade não partilhe dela, o que queremos é alertar para o perigo da tomada da parte pelo todo, da apresentação de um discurso homogéneo sobre a comunidade.
Urge assim um novo entendimento de cultura: a cultura como um espaço no qual se incluem todas as diferenças, todos os diálogos. "Impurity is the order of the day. The we and you, include also the he and she of all linguistic groups, of all nacionalities, of all sexes. We are of all cultura. Each person is a mosaic" ( Guy Scarpetta)
No aceso debate de ontem à tarde, - que contou com a presença dos artistas plásticos Ângela Ferreira e Francisco Vidal, do escritor Abdelkader Benali e do fotógrafo e documentaristas Kiluanje Liberdade - a discussão centrou-se à volta do seguinte tema : A Europa e os Desafios Do Multiculturalismo. Durante as duas horas de conversa que durou a sessão, ficou claro que estes artistas, de origem africana, consideram o termo multiculturalismo desadequado ao tempo presente, preferindo antes falar em transculturalismo.
Não é nova esta ideia de que as sociedades actuais se revestem de enormes diferenças, resultantes do processo de globalização a que assistimos. Torna-se, deste modo, imperativo pensá-las nesta senda, discutindo os assuntos que lhes são caros, como os acima descritos.
Coloca-se agora a seguinte questão: "Faz sentido falar em identidades culturais num mundo em que as fronteiras se diluem dia após dia, se é que este termo teve alguma vez pertinência?" Para, logo a seguir, perguntarmos: "Qual é a validade daquilo a que chamamos multiculturalismo? Afinal, o que é isso de multiculturalismo?" E depois: "Que fenómeno é esse a que damos o nome de transculturalismo?"
Segundo Benedict Anderson, as identidades culturais ( cultura portuguesa, francesa, inglesa, africana, norte-americana, escocesa, chinesa, japonesa, etc.) não passam de uma ideia que construímos à volta de um determinado povo, sem constituir nenhuma experiência do real. Estas são, por isso, apelidadas pelo o autor de "comunidades imaginadas". Desta forma, defendemos o ponto de vista de que não existem hoje, nem existiram ontem, as ditas identidades culturais, na medida em que estas são fruto da nossa imaginação, pois sempre houve diferenças dentro das sociedades e continua a haver, agora mais do que nunca. É neste sentido que nos opomos à ideia de que as identidades culturais têm vindo a perecer com o avançar do processo de globalização. Na verdade, estas não passam de um mito que foi tomando proporções cada vez maiores à medida que o mundo se foi globalizando. O que está aqui em causa é um conceito falaz de cultura. É o pensar a cultura enquanto forma de diferenciação e especificação da populacão humana, ou seja, enquanto mapa-mundo. Não queremos com isto dizer que uma dada característica não possa estar muito presente no seio de uma determinada comunidade e que grande parte das pessoas pertencentes a essa mesma comunidade não partilhe dela, o que queremos é alertar para o perigo da tomada da parte pelo todo, da apresentação de um discurso homogéneo sobre a comunidade.
Urge assim um novo entendimento de cultura: a cultura como um espaço no qual se incluem todas as diferenças, todos os diálogos. "Impurity is the order of the day. The we and you, include also the he and she of all linguistic groups, of all nacionalities, of all sexes. We are of all cultura. Each person is a mosaic" ( Guy Scarpetta)
No aceso debate de ontem à tarde, - que contou com a presença dos artistas plásticos Ângela Ferreira e Francisco Vidal, do escritor Abdelkader Benali e do fotógrafo e documentaristas Kiluanje Liberdade - a discussão centrou-se à volta do seguinte tema : A Europa e os Desafios Do Multiculturalismo. Durante as duas horas de conversa que durou a sessão, ficou claro que estes artistas, de origem africana, consideram o termo multiculturalismo desadequado ao tempo presente, preferindo antes falar em transculturalismo.